HERANÇA DIGITAL – O QUE É E COMO FUNCIONA NA PRÁTICA?

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A tecnologia mudou a forma como nos comunicamos, trabalhamos e guardamos nossos bens. Hoje, nossas memórias, conversas, documentos e até valores financeiros estão em ambientes digitais.
E surge uma dúvida cada vez mais comum: o que acontece com tudo isso quando alguém morre?

É aqui que entra o conceito de herança digital, um tema recente no Direito brasileiro, mas que já impacta milhares de famílias.

O que é herança digital?

Herança digital é o conjunto de bens, dados, arquivos e direitos que uma pessoa deixa armazenados em meios eletrônicos.
Ela engloba tanto itens de valor afetivo quanto itens de valor econômico.

Alguns exemplos do que pode compor uma herança digital:

  • Redes sociais (Instagram, Facebook, TikTok, YouTube)
  • E-mails (Gmail, Outlook, Apple Mail)
  • Arquivos pessoais (fotos, vídeos, documentos, textos)
  • Contas e assinaturas digitais
  • Domínios de sites
  • Créditos em carteiras digitais
  • Criptomoedas e ativos virtuais
  • Contas de jogos online
  • Histórico de compras, milhas e pontos acumulados

Em resumo: qualquer dado digital que pertença ao falecido e possa ter valor sentimental ou financeiro.

Na prática: o que a lei brasileira diz sobre herança digital?

O Código Civil não trata diretamente da herança digital.
O que existe hoje são interpretações jurídicas e algumas decisões judiciais sobre o tema.

Na prática, os bens digitais se encaixam em duas categorias:

1. Bens transmissíveis (podem ser herdados)

  • Criptomoedas
  • Créditos digitais (PicPay, PayPal, Mercado Pago etc.)
  • Domínios de site
  • Canais monetizados (YouTube, blogs, e-commerces)
  • Arquivos e documentos digitais
  • Saldo em aplicativos
  • Assinaturas pagas transferíveis

Esses bens possuem valor patrimonial, portanto entram no inventário.

2. Bens não transmissíveis (não podem ser herdados)

Redes sociais como Instagram, Facebook, TikTok e Gmail possuem termos de uso que impedem a transferência da conta.
Ou seja: a conta em si não pode ser herdada — mas o conteúdo dela pode, dependendo da política da empresa.

Exemplo:

  • O Facebook permite transformar o perfil em memorial.
  • O Google permite contato herdeiro previamente configurado.
  • A Apple libera dados apenas com ordem judicial.

Como o inventário trata a herança digital?

Na prática, o inventário pode incluir:

  • listagem de bens digitais
  • senhas e acessos fornecidos pela família (quando permitido)
  • valores financeiros de carteiras digitais
  • ativos virtuais (NFTs e criptomoedas)
  • conteúdos monetizáveis

Mas há situações que dependem de decisão judicial:

  • acesso a e-mails do falecido
  • desbloqueio de iPhones
  • abertura de contas em redes sociais
  • retirada de conteúdo específico
  • acesso a fotos e vídeos armazenados em nuvem

A jurisprudência brasileira tem se modernizado.
Tribunais já autorizaram herdeiros a acessarem fotos, contas digitais e arquivos pessoais por entender que há interesse sucessório e emocional.

Plataformas e limites práticos

Cada empresa possui regras próprias:

Google

  • Ferramenta de Gerenciador de Contas Inativas
  • Herdeiro pode ser pré-cadastrado
  • Dados podem ser liberados conforme política interna

Meta (Facebook/Instagram)

  • Perfil pode virar memorial
  • Acesso total raramente é concedido
  • Necessidade de ordem judicial em muitos casos

Apple

  • Sistema rígido de privacidade
  • Liberação de dados só com ordem judicial
  • Senha do Apple ID não pode ser transferida

Bancos digitais

PicPay, PagBank, Nubank, Mercado Pago
→ Normalmente liberam valores mediante inventário

Como organizar sua própria herança digital?

A melhor forma de facilitar o processo para familiares é prevenir.
Algumas boas práticas:

1. Liste seus bens digitais

Crie um documento com:

  • Contas
  • Plataformas
  • Assinaturas
  • Ativos financeiros digitais
  • Dados de acesso (armazenados em cofres digitais seguros)

2. Revise os termos de uso

Saiba o que pode ou não ser transferido.

3. Utilize ferramentas de legado

Google e Apple possuem sistemas para definir quem terá acesso aos dados após a morte.

4. Deixe orientações claras

Um testamento ou diretriz patrimonial ajuda a evitar conflitos.

5. Atualize suas informações periodicamente

As contas mudam, aplicativos mudam, e seu acervo digital cresce com o tempo

A herança digital é um tema novo, mas já essencial na vida de qualquer pessoa conectada.
Fotos, documentos, valores financeiros, contas e até memórias afetivas agora fazem parte do patrimônio que deixamos para trás.

Entender como funciona a sucessão digital — e se preparar para ela — evita conflitos, protege dados importantes e garante que familiares tenham acesso ao que realmente importa.

A tecnologia mudou o mundo jurídico, e é papel do Direito acompanhar essa transformação.

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Se você não sabe como funciona a herança digital, nós iremos te auxiliar em vários pontos, como:

  • Quais bens digitais podem entrar no inventário
  • Como solicitar acesso às plataformas
  • Quando pedir ordem judicial
  • Como interpretar termos de uso
  • Como organizar a sucessão digital de forma segura

Além disso, podemos te auxiliar na criação de testamentos que incluam diretrizes digitais, algo cada vez mais comum atualmente.

Assista o vídeo abaixo e esclareça suas dúvidas!

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